Praça Carlos Alberto, manhã, apressada, preocupada porque iria chegar atrasada.
Olho em frente e vejo um casal de namorados, num banco de jardim. Pensei no mundo, em fotografar, na cumplicidade, no amor assim.
Apeteceu-me dançar, cantar e dar-lhes os parabéns, porque achei que namorar assim já não acontecia no mundo.
Pensei que chegar atrasada já não era importante, sorri, coloquei os óculos de sol, e decidi aproximar-me, num banco por trás puxei do meu belo cigarro Black Devil e comecei a sentir o fumo doce.
Ele: Já te disse que não quero que te metas mais na minha vida, ouviste?
Ela: Por favor, eu não sei viver sem ti, perdoa-me, não faço mais.
Ele: Tou farto de ouvir isso, já chega! Tas sempre a meter-te nos meus esquemas, a minha vida é assim, se quiseres vives comigo senão desanda.
Ela: Só não quero que me deixes, eu consigo, eu vou tentar viver como tu queres, anda com quem quiseres mas não me deixes.
Ele: Ouve lá, eu não estou para brincadeiras, sabes que eu passo-me e por isso tem cuidado, queres queres, senão desanda
Ela: Tá bem, meu amor eu quero-te assim….
Levantei-me, devagar, já não sentia nada, nem o sentimento de culpa de chegar atrasada, nem o sentimento de dança. Afastei-me com lágrimas nos olhos, arrastando-me, parecia que me ia desequilibrar, cambaleava, chorei.
Como o amor que a imagem me dava, não era mais que uma imagem de humilhação, de dor, de frio, tremi, vesti o casaco, deambulei pelas ruas tentando perceber esta linguagem. Voltei a fumar e a fumar vezes sem conta.
A minha cara estava desfigurada o rímel inundava os meus olhos, parecia que tinha levado dois socos, e levei mesmo.
E envolvi-a numa luz violeta, para que ficasse protegida e que algo lhe fizesse sentir que tem direito a amar sem ser partilhada.
Apressada continuei a deambular, parei em S. Bento, pensando em como eu podia fazer esta mulher sentir-se melhor.
Prometi a mim mesmo voltar no próximo sábado e procurá-la.
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