O teu riso
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosada minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Pablo Neruda
9 comentários:
Lindo! lindo! que pena que nemsempre é verdade! :) beijos :) adoro tuas visitas :)
Muito bom gosto. Neruda é incontornável.
é o melhor remédio!!
Casamentos?? nenhum!! encalhadíssima... mas feliz!
Obrigado pela visita! Volta sempre!
muito lindo... era só pra deixar um beijo...
Ola lindo Sininho, muito obrigada pela preocupacao. Ja estou melhor, apenas tenho o que os meus irmaos chamam de "ataque de amargura". Nem sempre as coisas correm como queremos mas agora ja estou bem. Estou a escrever James ha quase 10 horas. Estou a corrigir o que tenho escrito :).
OBRIGADA de coração pelo carinho que tens por mim.
Beijokas
Jessy
Belo poema!
Fico contente por estares de volta, amiga!
jinho.
Ui!! O amor anda no ar!
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