terça-feira, maio 30, 2006

Padre Nunes Pereira


Do Padre Nunes Pereira guardo belíssimas recordações, entre muitas delas foi com ele que fiz a minha 1ª Comunhão na Igreja de S. Bartolomeu, e ainda hoje guardo uma caricatura que ele me fez ainda na minha infância, mais precisamente num dos muitos passeios que fizemos até ao Bussaco.

Monsenhor Nunes Pereira nasceu a 3 de Dezembro de 1906, na pequena povoação da Mata (freguesia de Fajão), e faleceu a 1 de Junho de 2001, tinha 94 anos e mais de quarenta vividos na cidade universitária onde deixou a sua última obra: um vitral no altar-mor da Igreja de S. José (Coimbra). D. Albino Cleto sublinhou as qualidades sacerdotais e artísticas de Monsenhor Nunes Pereira ao afirmar que “nós, os padres de Coimbra, perdemos uma jóia”, eu diria mais, nós, povoação de Coimbra perdemos um ser humano inigualável, um artista.

Com um olhar penetrante e uma postura cativante, Monsenhor Nunes Pereira trazia sempre consigo um papel e uma esferográfica. “Fazer retratos às escondidas, para em seguida os oferecer aos amigos, era o que lhe dava mais prazer”, disse Frei Eliseu Moroni. Na década de cinquenta e após várias viagens, Monsenhor Nunes Pereira dedicou-se à aguarela. Desenhava com uma rapidez fulminante, esculpia e pintava de igual modo e, dados os seus conhecimentos na área da madeira, aprendeu numa simples tarde, a técnica da gravura em metal, com José Contente. Por isso dizia: “Na base de todos os meus trabalhos está, sem dúvida, o desenho. Desenho em casa, na rua, nos cafés, nas reuniões, nos almoços. O meu desenho, salvo o que faço no gabinete, é um desenho de viagem, aproveitando ocasiões e às vezes escassos minutos”. Dominava igualmente a técnica do vitral.

O saber estar e o homem bom fizeram deste sacerdote, jornalista, escritor, artista, poeta, professor e humanista. Para tornar viva a sua memória foi inaugurado, a 13 de Setembro de 1997, em Fajão um museu ao qual lhe puseram o nome de “Monsenhor Nunes Pereira”, guarda as raízes dos habitantes da terra – utensílios, artefactos, literatura, contos, tradições, maneiras de criar e dizer poesia, de cantar e rezar, formas de vestir, de trabalhar, de agradecer a Deus e aos santos, de amar os animais e as aves, de dizer a lenga-lenga e chamar o gado – e está enriquecido com uma parte significativa do espólio artístico criado pelo homenageado. Nesta casa de xisto (um dos materiais utilizados para as suas obras de arte) o visitante encontra retalhos da vida e riquezas de ontem para apreciar hoje.


(Para fazer esta singela homenagem, consultei o site http://www.agencia.ecclesia.pt/dioceses/noticia.asp?noticiaid=32481)

Um comentário:

Anônimo disse...

pOIS TAMBÉM EU FIZ AS COMUNHOES EM S.BARTOLOMEU TENDO COMO PADRE NUNES PEREIRA E FOI COM SAUDADE QUE AGORA ME LEMBREI DELE JÁ QUE SOUBE QUE UM FOTOGRAFO FEZ UM LIVRO S/ ELE. PODEM ME DIZER COMO ENCONTRAR?
CARLOS DUARTE 59 ANOS NATURAL DE S.BARTOLOMEU