segunda-feira, julho 31, 2006

Livro

De Clarissa Pinkola Estés - "Mulheres que Correm com os Lobos"

«Sensações de vazio, fadiga, medo, depressão, fragilidade, bloqueio e falta de criatividade são sintomas cada vez mais frequentes entre as mulheres modernas, assoberbadas com o acúmulo de funções na família e na vida profissional. Esse problema, no entanto, não é recente, acredita a psicóloga junguiana Clarissa Pinkola Estés. Ele veio junto com o desenvolvimento de uma cultura que transformou a mulher numa espécie de animal doméstico.»

Desvendando um pouco...

"A fauna silvestre e a mulher selvagem são espécies em risco de extinção.
Observamos, ao longo dos séculos, a pilhagem, a redução de espaço e o esmagamento da natureza instintiva feminina. Durante longos períodos ela foi mal gerida, à semelhança da fauna silvestre e das florestas virgens. Há alguns milênios, sempre que lhe viramos as costas, ela é relegada às regiões mais pobres da psique. As terras espirituais da Mulher Selvagem, durante o curso da história, foram saqueadas ou queimadas, com seus refúgios destruídos e seus ciclos naturais transformados à força em ritmos artificiais para agradar os outros.Não é por acaso que as regiões agrestes e ainda intocadas do nosso planeta desaparecem à medida que fenece a compreensão da nossa própria natureza selvagem mais íntima. Não é tão difícil compreender porque as velhas florestas e as mulheres velhas não são consideradas reservas de grande importância. Não há tanto mistério nisso. Não é coincidência que os lobos e os coiotes, os ursos e as mulheres rebeldes tenham reputações semelhantes.
Todos eles compartilham arquétipos institivos que se relacionam entre si,por isso,têm reputação equivocada de serem cruéis, inatamente perigosos,além de vorazes. Minha vida e meu trabalho como analista junguiana e cantadora, contadora de histórias, me ensinaram que a vitalidade esvaída das mulheres pode ser restaurada por meio de extensas excavações "psiquico-arqueológicas", e, através de sua incorporação ao arquétipo da Mulher Selvagem, conseguimos discernir os recursos da natureza mais profunda da mulher. A mulher moderna é um borrão de actividade. Ela sofre pressões no sentido de ser tudo para todos. A velha sabedoria há muito não se manifesta.O título do livro, Mulheres que correm com os lobos, mitos e histórias do arquétipo da Mulher Selvagem, foi inspirado em meus estudos sobre a biologia de animais selvagens, em especial os lobos. Os estudos de lobos Canis Lupus e Canis rufus são como a história das mulheres, no que diz respeito à sua vivacidade e à sua labuta. Os lobos saudáveis e as mulheres saudáveis têm certas características psíquicas em comum: percepção aguçada, espírito brincalhão e uma elevada capacidade para a devoção. Os lobos e as mulheres são gregários por natureza, curiosos, dotados de grande resistência e força. São profundamente intuitivos e têm grande preocupação para com seus filhotes, seu parceiro e sua matilha. Têm experiência em se adaptar a circunstâncias em constante mutação. Têm uma determinação feroz e uma extrema coragem.No entanto as duas espécies foram perseguidas e acossadas, sendo-lhes falsamente atribuído o facto de serem trapaceiros e vorazes, excessivamente agressivos e de terem menor valor que os seus detratores. Foram alvo daqueles que preferiam arrasar as matas virgens bem como os arredores selvagens da psique, erradicando o que fosse instintivo, sem deixar que dele restasse nenhum sinal. A actividade predatória contra os lobos e contra as mulheres por parte daqueles que não os compreendem é de uma semelhança surpreendente. Foi por aí que o conceito do arquétipo da mulher Selvagem primeiro se concretizou para mim: no estudo dos lobos. Estudei também outras criaturas como, por exemplo, os ursos, os elefantes e os pássaros da alma, as borboletas. As características de cada espécie fornecem indicações abundantes do que pode ser conhecido sobre psique instintiva da mulher.(...) Chamo-a Mulher Selvagem porque essas exactas palavras, mulher e selvagem, criam chamar amar o tocar, a batida dos contos de fadas à porta da psique profunda da mulher. Llamar o tocar a la puerta significa literalmente tocar o instrumento do nome para abrir uma porta. Significa usar palavras para obter a abertura de uma passagem. Não importa a cultura pela qual a mulher seja influenciada, ela compreende as palavras selvagem e mulher intuitivamente.(...) Quando as mulheres reafirmam seu relacionamento com a natureza selvagem, elas recebem o dom de dispôr de uma observadora interna permanente, uma sábia, uma visionária, um oráculo, uma inspiradora, uma instintiva, uma criadora, uma inventora e uma ouvinte que guia, sugere e estimula uma vida vibrante nos mundos exterior e interior. Quando as mulheres estão com a Mulher Selvagem, a realidade desse relacionamento transparece nelas. Não importa o que aconteça, essa instrutora, mãe e mentora vagem dá sustentação às suas vidas interior e exterior.Portanto, o termo selvagem neste contexto não é usado em seu actual sentido prejorativo de algo fora de controle, mas em seu sentido original, de viver uma vide natural, uma vida em que a criatura tenha uma integridade inata e limites saudáveis. Essas palavras, mulher e selvagem, fazem com que as mulheres se lembrem de quem são e do que representam. Criam -lhe uma imagem para descrever a força que sustenta todas as fêmeas. Elas encarnam uma força sem a qual as mulheres não podem viver.O arquétipo da mulher selvagem pode ser expresso em outros termos igualmente apropriados. Pode-se chamar essa poderosa natureza psicológica de natureza instintiva, mas a Mulher Selvagem é a força que está por trás dela.(...mesmo a mulher presa com a máxima segurança reserva um lugar para o seu self selvagem, pois ela intuitivamente sabe que um dia haverá uma saída, uma oportunidade, e ela poderá escapar.). (...)A mulher selvagem carrega consigo os elementos para a cura; traz tudo o que a mulher precisa ser e saber. Ela carrega histórias e sonhos, palavras e canções, signos e símbolos. Ela é tanto o veículo quanto o destino. Aproximar-se da natureza instintiva não significa desestruturar-se, mudar tudo da esquerda para a direita, do preto para o branco, passar do oeste para o leste, agir como louca ou descontrolada. Não significa perder as socializações básicas ou tornar-se menos humana. Significa exactamente o oposto. A natureza selvagem possui uma vasta integridade.Ela implica delimitar territórios, encontrar a matilha, ocupar o corpo com segurança e orgulho independente dos dons e das limitações desse corpo, falar e agir em defesa própria. Estar consciente, alerta, recorrer aos poderes da intuição e do pressentimento inato às mulheres, adequar-se aos próprios ciclos, descobrir aquilo a que pertencemos, despertar com dignidade e manter o máximo de consciência possível.(...)E então, o que é a Mulher Selvagem? Do ponto de vista da psicologia arquetípica, bem como da tradição das contadoras de histórias, ela é a alma feminina. No entanto, ela é mais do que isso. Ela é a origem do feminino. Ela é tudo o que for instintivo, tanto do mundo visível quanto do oculto, ela é a base. Cada um de nós recebe uma célula refulgente que contém todos os instintos e conhecimentos necessários para nossa vida."

Clarissa Pinkola Estés, "Mulheres que correm com os lobos."

3 comentários:

strawberryfairy disse...

Ai não posso crer tu com a Clarissa.... Meu Deus isto foi biblía para algumas amigas minhas...confesso tenho o livro mas ainda não o acabei de ler está desterrado em Lagares da Beira na casa da minha senhoria(que vergonha já passou um ano e não fui ainda buscar as minhas coisas)
Amanhã Sinhinho temos que falar....
Vais amanhã não vais? já tenho soidades uma beijoka

Unknown disse...

Claro k sim. Beijas

_+*Ælitis*+_ disse...

Opa, mas os homens se quiserem uma mulher selvagem nos dias de hoje estao perdidos, depois de anos a matutar-mos que é preciso tirar pelos, ser fina, elegante, maneirada... ahahahaha, e agora?